A necessidade de beber água mesmo antes de dormir pode dever-se ao funcionamento do relógio interior do cérebro, sugere um novo estudo realizado em ratos.
“Embora este estudo tenha sido realizado em roedores, aponta para uma explicação sobre a razão pela qual frequentemente sentimos sede e ingerimos líquidos como água ou leite antes de dormir”, disse o co-autor do estudo Charles Bourque, um professor de neurologia da Universidade McGill no Quebeque, numa declaração.
No entanto, é necessária mais investigação para ver se as novas descobertas se aplicam plenamente às pessoas, disseram os investigadores.
Antes da realização do novo estudo, os investigadores sabiam que os roedores pareciam consumir mais água durante as 2 horas que antecederam o sono, mas a razão para este aumento no consumo de água não era clara.
No estudo, os investigadores impediram 12 ratos de aceder à água durante algumas horas antes de adormecerem. Verificou-se que os ratos estavam gravemente desidratados na altura em que acordaram. Este resultado levou os investigadores a pensar que o aumento da ingestão de água que ocorre pouco antes de dormir poderia ser uma forma de os ratos se protegerem contra a desidratação enquanto dormem.
No entanto, os investigadores também queriam ver qual o mecanismo que levava os ratos a beber mais água antes de adormecerem. Perguntaram-se se as células dentro do “sensor de hidratação” do cérebro, que tem estado associado à sede, poderiam estar em comunicação com a parte do cérebro que controla os relógios interiores do corpo dos ratos, que os incitam a dormir e a acordar.
Os investigadores estimularam o relógio interior dentro do cérebro dos ratos com electricidade, e descobriram que esta estimulação parecia aumentar a libertação da hormona vasopressina, que é produzida nessa mesma região do cérebro.
Durante mais experiências com ratos, os cientistas descobriram que a hormona vasopressina activou de facto as células cerebrais associadas à sede, segundo o estudo publicado hoje (29 de Setembro) na revista Nature.
No entanto, é necessária mais investigação para ver se os mesmos mecanismos estão a funcionar nos seres humanos, disse Bourque à Live Science. “Há muitas provas anedóticas de que algumas pessoas se sentem sedentas e que, por rotina, beberão um copo de alguma coisa antes de se deitarem, mas ao mesmo tempo há muitas pessoas que dizem que não bebem antes de se deitarem”, disse Bourque. “E há algumas pessoas que decidem não beber antes de ir para a cama, porque estão preocupadas que isso lhes vá encher a bexiga e que acordarão à noite.”
p>P>Posto isto, as novas descobertas podem ajudar os investigadores a compreender melhor como funciona o relógio interior do cérebro, disseram os investigadores.
p>p>Publicado originalmente em Live Science.