Quão versátil era Paul McCartney como compositor? Basta verificar as suas últimas canções dos Beatles. Depois de filmar para o seu trabalho “mais desagradável, mais suado” com “Helter Skelter” de 1968, Paul estava a tilintar os marfins a tocar “The Long and Winding Road” enquanto filmava Let It Be in January ’69.
Mas isso não surpreenderia ninguém que soubesse o que Paul ouvia nos anos 60. Quando escreveu “Good Day Sunshine” (’66), quis corresponder à energia que The Lovin’ Spoonful trouxe a “Daydream”. No Sgt. Pepper’s (’67), ele queria superar o que The Beach Boys tinha conseguido com Pet Sounds.
Por “Helter Skelter”, ele procurava superar The Who, um dos mais pesados actos de rock primitivo. Com “The Long and Winding Road”, que se tornou o último sucesso nº 1 dos Fab Four na América, Paul tinha em mente um dos maiores cantores de soul.
Paul começou a escrever “Long and Winding” com Ray Charles em mente
p> enquanto “The Long and Winding Road” saiu em Let It Be (Abril de 1970), Paul começou a trabalhar na canção mesmo antes daquelas sessões malfadadas nos primeiros meses de ’69. Em Many Years From Now, ele descreveu o seu estado de espírito durante a sua composição.
“Eu estava um pouco nervoso e tropeçou nessa altura”, disse ele. (Paul estava a referir-se às sessões do Álbum Branco, que tinham sido o ponto baixo anterior da banda). “É uma canção triste porque é tudo sobre o inalcançável; a porta que nunca se alcança”
Musicamente, ele queria fazer algo ao estilo de Ray Charles. “Não soa nada como ele, porque sou eu a cantar e não soa nada como o Ray, mas às vezes temos uma pessoa na mente, apenas por uma atitude”, disse Paul.
“Então isso estava na minha mente, e provavelmente teria tido alguma influência na sua estrutura de acordes, que é ligeiramente jazzy. Penso que poderia atribuir isso a ter o Ray na minha mente quando escrevi esse.”
A canção mudou muito antes do seu lançamento como single dos Beatles
p>Gerações de fãs dos Beatles apreciaram “The Long and Winding Road” como uma balada de topo, mas não era essa a intenção de Paul. A sua concepção original da canção pode ser ouvida no álbum Let It Be… Naked (2003) que retira a orquestra e o coro da mistura.
Para compreender como é que um único canção de Paul podia sair com uma mistura que ele não queria, é preciso mergulhar na política dos Beatles desse período. Para começar, ninguém queria escavar através das fitas do Let It Be Be para obter o material de um álbum. Assim, John Lennon contratou o famoso produtor Phil Spector para o trabalho.
Spector, que tinha produzido o single “Instant Karma” de John em Fevereiro de 1970, notou várias falhas no original “Long and Winding Road” takes e pretendia encobri-las com a orquestração. Mas Paul nunca aprovou a mistura que saiu como single.
Até então, ele e os outros Beatles nem sequer falavam. Comercialmente falando, nada disto importava. “The Long and Winding Road” ainda atingiu o nº 1 naquele Verão. E Charles cobriu a canção no ano seguinte sobre a Acção Vulcânica da Minha Alma.
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